A estiagem enfrentada no período mais chuvoso do ano pode ameaçar as lavouras e o nível dos rios durante a verdadeira “estação seca”, que vai de abril a setembro. Produtores de café e cana-de-açúcar já estimam perdas, e as condições de navegação na hidrovia Tietê-Paraná podem ficar críticas até o mês de setembro. Nos 13 primeiros dias de março, considerado o último mês do período chuvoso e que marca o fim do verão, choveu somente 14,5% do esperado para o mês. De janeiro até anteontem, o nível de chuvas ficou 77% abaixo da média histórica do período em Ribeirão. O mês de janeiro foi o mais seco dos últimos nove anos. Engenheiro-agrônomo da Cocapec (Cooperativa de Cafeicultores e Agropecuaristas) de Franca, Roberto Maegawa afirmou que a perda na safra atual é dada como certa, pois a estiagem atingiu as plantas na época de formação dos grãos. A usina Batatais, uma das mais tradicionais na região de Ribeirão, reduziu neste ano em 8% a produtividade estimada nos seus canaviais devido ao clima. A ocorrência de uma quantidade maior de chuvas no período seco, o que poderia melhorar a qualidade das plantas, é improvável, segundo o agrometeorologista do Cepagri (Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura) Hilton Silveira Pinto. “Pode até acontecer. Mas a probabilidade é abaixo de 10%”, disse o especialista. O coordenador do Ciiagro (Centro Integrado de Informações Agrometeorológicas), Orivaldo Brunini, afirmou que há quatro anos o Ciiagro tem constatado um nível de chuva no Estado menor que a média histórica. “Neste ano, o período desde janeiro é o mais seco desde 1963.” Sem transporte A navegação na hidrovia Tietê-Paraná pode voltar a registrar as condições críticas de fevereiro, quando a capacidade de transporte dos comboios de carga foi reduzida em um terço, segundo o diretor do departamento hidroviário da Secretaria de Estado dos Transportes, Casemiro Tércio Carvalho. Por causa da estiagem no início deste ano, as barragens da região estão com os níveis dos reservatórios baixos para enfrentar o período seco, quando o nível de água armazenado compensa a histórica falta de chuvas. Neste ano, sete cidades da região de Ribeirão Preto chegaram a adotar o racionamento de água em fevereiro. A medida já foi suspensa, mas a Prefeitura de Bebedouro alegou que não descarta novo racionamento caso a cidade volte a ficar mais de uma semana sem chuvas. O objetivo seria guardar água para o período seco. Hoje, os reservatórios estão com 72% da capacidade. Deveriam estar cheios. |
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15/03/14 Felipe Amorim e Isabela Palhares Fonte: Folha de S. Paulo |
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