Previsão é de que o fenômeno climático se inicie em junho e dure até o verão
O clima terá um peso adicional na safra 2014/15 de cana-de-açúcar, que começa oficialmente hoje. Depois da severa estiagem que castigou o Centro-Sul do Brasil em janeiro e fevereiro, a meteorologia prevê a ocorrência do El Niño. O fenômeno climático provoca chuvas acima do normal durante o inverno no País.
O período coincide com o pico de moagem, pressionando ainda mais um ciclo que já deve ter a oferta de matéria-prima reduzida em até 40 milhões de toneladas por conta da seca, de acordo com a União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica), que ainda não soltou sua projeção oficial.
“Temos recebido relatórios dos serviços meteorológicos dos Estados Unidos e da Austrália, e a previsão é de que o El Niño se inicie em junho, pegando o inverno, a primavera e até o verão no Brasil”, diz Expedito Rebello, do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).
Segundo ele, o fenômeno, que pode durar até 18 meses, aumenta a umidade principalmente na Região Sul do País, mas afeta também São Paulo, onde está a maior parte dos canaviais. Durante invernos sem a ocorrência de El Niño o Estado recebe 300 mm de chuva, afirma.
O último El Niño ocorreu em 2012 e, antes disso, em 2009, mas ambos foram de intensidade moderada, diz Rebello. “Para este ano, deve vir algo mais forte. Diria que há 80% de chances de o El Niño acontecer.”
Safra menor – Em evento semana passada na cidade de São Paulo, o analista de commodities sênior da F. O. Licht´s, Stefan Uhlenbrock, afirmou que a probabilidade de ocorrência de El Niño em 2014 é de até 75%. A consultoria especializada prevê que a moagem no Centro-Sul do País seja de 575 milhões de toneladas em 2014/15, 3,5% abaixo do observado em 2013/14.
A projeção da F. O. Licht´s se soma a outras estimativas que apontam para um processamento entre 570 e 580 milhões de toneladas, abaixo da previsão inicial, superior a 600 milhões de toneladas, e menos também que as 596 milhões de toneladas de 2013/14. A Datagro, por exemplo, prevê uma safra de 574,6 milhões de toneladas.
“Essa estimativa leva em conta a falta de chuvas durante o desenvolvimento fisiológico das plantas”, destacou o presidente da consultoria, Plínio Nastari, durante o Global Agribusiness Forum, também semana passada em São Paulo.
No início de fevereiro, o sócio e diretor da Canaplan e presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), Luiz Carlos Corrêa Carvalho, disse que a safra 2014/15 caminhava para o “desastre”. A Canaplan divulga sua primeira previsão para a temporada em 24 de abril, mas Corrêa Carvalho avalia que a moagem ficará abaixo das 577 milhões estimadas pela consultoria em outubro. “A quebra vai ser bruta”, disse ele em fevereiro.
FONTE: site Nova Cana