Palestrantes do 12º encontro do GIFC defendem a utilização da irrigação
para suprir efeitos da estiagem e a importância dos projetos de manejo sustentável
da água, que devem considerar os aspectos de solo, clima e a fisiologia da cana
O presidente do GIFC, Marco Viana, que é gerente agrícola da usina Santa Vitória e tem mais de 30 anos de experiência no segmento sucroenergético, deu seu testemunho durante a abertura do 12º encontro do GIFC, em Araçatuba, sobre os efeitos da estiagem para o setor. “Nunca vi uma seca tão intensa nos primeiros meses do ano como agora. A cana de safra certamente não conseguirá se recuperar e as usinas devem registrar perdas de produtividade”, afirmou. Viana manifestou um sentimento que era comum entre os participantes do encontro e que pautou o debate entre os palestrantes e os integrantes do GIFC.
Em suas apresentações, os palestrantes trataram de como a ausência da água pode afetar o desenvolvimento da cana-de-açúcar. Os especialistas apresentaram diversas informações técnicas, científicas e dados que ajudaram os integrantes a aprofundar o debate sobre a importância do investimento em pesquisa e experimentos para o bom desenvolvimento de projetos de irrigação e fertirrigação. Para eles, o setor não pode ficar refém do clima, da pouca disseminação de informação e do baixo investimento em irrigação.
Fernando Braz Tangerino, professor da UNESP de Ilha Solteira, tem a expectativa que encontros como os promovidos pelo GIFC sensibilizem o setor a investir em irrigação. “Especialmente no Noroeste Paulista onde temos uma grande variabilidade de chuva e balanço hídrico negativo, buscamos entender porque o setor pouco irriga. Ainda mais porque temos resultados comprovados de ganho de produtividade com o manejo da água. Para mim, a irrigação no setor sucroalcooleiro é fundamental para a sustentabilidade”, afirmou. O professor discutiu em sua palestra manejo, sistemas e viabilidade técnica de projetos de irrigação, entre outros aspectos.
O professor doutor Paulo Alexandre Monteiro de Figueiredo, da UNESP de Dracena, foi enfático ao dizer que as perdas hídricas da cana no processo inicial de seu desenvolvimento podem não ser recuperadas. Por isso, frisou a importância da irrigação. “As deficiências hídricas que vão ocorrendo ao longo do ciclo da planta são praticamente irreversíveis e as perdas fatalmente irão acontecer, se a água não for reposta na hora certa e da forma correta. É preciso que ocorra um acompanhamento muito grande em relação à fisiologia da cana e os fenômenos climáticos que vão acontecendo para que a planta chegue na hora de sua colheita no melhor do seu estágio de matéria-prima”, concluiu.
Hélio do Prado apresentou dados de pesquisas do projeto AMBICANA, do IAC, que percorreu 20 usinas entre o Paraná e Piauí. O especialista destacou que o profundo conhecimento do ambiente de produção da cana – a interação entre solo e clima – é fundamental. Os solos apresentam características muito variadas em uma mesma região. “O encontro do GIFC reforça a importância de se conhecer muito bem o solo antes de desenvolver um projeto de irrigação, que promovido de forma correta melhora muito as condições do ambiente de produção da cana”, afirma.